sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O bolo de queijo

Todo o dia sentava-me à beira do lago, levantava o vestido até a coxa e sentia sobre meus pés e minhas pernas, o frescor das águas cristalinas que eram aquecidas com o calor dos raios do sol de primavera.
No mesmo local cantava as cantigas que minha bisavó havia me ensinado até o dia do leito de sua morte. Assim permanecia até a hora do almoço, quando mamãe me chamava:
- Caroline! Venha minha filha, a comida está servida.
Eu respondia:
- já vou mamãe. Despedia-me do lago por alguns instantes, lavando minha face.
Mamãe me servira com muito carinho, e dizia para tomar cuidado e não queimar os lábios com a comida cálida do fogão a lenha.
Morávamos em um morro próximo a cidade, ao redor de casa tinham várias árvores, das quais eu implicava em subir para catar as formiguinhas. As flores que a primavera trazia, ornamentavam o jardim, do qual eu costumava me agachar os cantos para sentir o perfume das flores e observar suas mais diversas características.
Aos fins de tarde mamãe não se preocupava com meus desaparecimentos, pois sabia que se não estivesse no lago ou no jardim, estaria admirando o pôr do sol em qualquer lugar próximo, e ouvindo o canto dos pássaros, melhor música que eu conhecera depois das cantigas de minha bisavó.
Desde pequenina fazia esta estimativa com a natureza e comigo mesma, descobrindo o mundo de forma propicia para mim.
Eu tinha convivência somente com mamãe e algumas colegas de escola, por este motivo eu desconhecia a maldade humana.
Depois de completar meus quinze anos eu já não queria ir ao lago todos os dias, às vezes eu ia ao jardim, ver o pôr do sol não me encantava tanto, os pássaros já nem ouvia e as cantigas de minha bisavó eu havia esquecido. Ao invés de fazer o que era de costume, preferia ficar horas interrogando mamãe. Ela me respondia até onde era conveniente, muitas vezes eu não compreendia, contudo me calava para não deixa-la encabulada.
Porém havia um fato que me deixava com muito pesar, era só mencionar palavras sobre meu pai do qual eu nem sabia o nome que mamãe hesitava. Eu estava no direito de saber sobre minha paternidade, porém a única coisa que eu deduzia sobre o mesmo, é que tinha uma condição de vida estável, pois que mamãe não trabalhava e vivíamos com conforto.
Eu percebia a nostalgia nos olhos de mamãe ao tentar pronunciar qualquer coisa que fosse sobre ele, os lábios dela se estremeciam com a mais genuína vontade de me esclarecer, contudo ameaçava lágrimas até eu prometer não repetir a pergunta.
Quando mamãe ia para a cidade, eu a acompanhava, pois ela me dizia que já era uma mocinha e precisava conhecer pessoas novas. Modestamente, as pessoas me olhavam de uma forma diferente, principalmente os homens. Mamãe dizia que isso ocorria porque minha pele era tão suave quanto o vento em dias tranqüilos, que meus lábios eram vermelhos iguais as rosas de nosso jardim e meus cílios longos e enrolados realçavam ainda mais os mistérios de meus olhos negros. Certa vez um amigo dela mencionou que minha simpatia e pureza ao falar eram triunfais.
Mamãe começou a adoecer, durante um mês ficou de cama. Quando o médico obteve o resultado dos exames teve de me dizer que a doença de mamãe era incurável, pois seu cérebro já havia sido tomado pelas dores de um câncer.
Fiz de tudo para vê-la bem, e quando não me fazia em sua presença não hesitava chorar. Zelei e orei por ela até o ultimo instante, eu acreditava cegamente no milagre da ressurreição sem o acontecimento da morte, porém chegou o maldito dia em que me deixou, eram seus últimos suspiros e entre uma inalada e outra disse-me para ler o livro que estava na cabeceira de sua cama, e sua ultima frase:
- eu te amo e sempre estarei ao seu lado!
Ouvindo meu choro incontrolável deixou uma lágrima rolar e esboçou um sorriso, esta foi a sua despedida, lembro-me como se fosse hoje, a alegria de seu descanso e a dor de sua partida. Meu amor por ela é imutável e a lembrança daquele dia está intacta em minha memória como o pior dia de minha existência.
Eu não ousava sorrir, e começar a ler o seu livro de cabeceira foi uma das coisas mais difíceis, pois que ele me parecia descrevê-la, e realmente não fui forte para ler sequer duas páginas.

Após sua morte ia de vez em quando para a cidade, tinha alguns amigos que me forneceram vigor, precisava distrair - me, conhecendo pessoas sábias e cultas, muitas dessas foram alicerce para minha superação. E foram nesses estreitos laços de amizade que resolvi casar-me com alguém que se apaixonou por mim e me tinha com muito respeito.
Casei-me de forma tradicional, entrei na igreja sozinha, eu não tinha um pai que me pudesse acompanhar. Engravidei, e a filha que tanto amo se chama Manuelle. Eu tinha uma família, porém não era feliz, pois não havia me casado por amor e sim para fugir da solidão.
Tive de suportar a dor de meu erro, até o dia em que percebi que já era uma mulher, já era madura. Decidi por divorciar-me.
Não me interessava mais saber de meu pai, joguei tudo para o alto, sonhos e razões, pois eu havia perdido minha pureza que era minha maior virtude, casar-me com alguém que não fui capaz de amar me envergonhava, e dessa vida o único feito que me orgulhara era minha menina. Eu vivia perseguida pelo temor de que minha filha sofresse as conseqüências de meu ridículo ato.
Enfim, estava decidida,
Chamei um advogado até minha casa para resolver os papéis da separação e sou surpreendida pela presença de um homem chamado Paulo, robusto, alto, olhos verdes e pele morena, com um olhar tão humilde e sincero, um sorriso que envolvia toda a sua graciosidade em termos de beleza e simpatia. Tão pouco pude perceber que ele também me olhara, e fez um comentário:
- sua inocência é encantadora, seus lábios são tão vermelhos quanto as flores do jardim e sua pele é tão suave quanto o vento em dias...
Eu o interrompi:
-... em dias tranqüilos?
- isso mesmo. E me perguntou esboçando aquele sorriso.
- alguém já havia lhe dito?
- sim, minha mãe...
Me descreveu da mesma forma que... fiquei sem reação diante de seus comentários, ele quis me pedir desculpas pela ousadia, porém calei seus lábios com um delicioso beijo. Incontrolável era a fúria da mulher que passei a ser na sua presença, perdi toda a vergonha que me aninhava em tristeza para transformá-la em uma vida cheia de graça e alegria.
E descobrimos juntos que o amor existia, ele ama minha filha como se fosse um fruto de nosso amor, aliás com ele eu descobri o que era fazer amor, pois até então eu só conhecia o prazer. Criei coragem para ler todas as páginas do livro, e fui apanhada subitamente com tudo que ali permanecia escrito.

Porque você não me deu a alegria de ter uma presença masculina em minha vida? Uma presença qual pudesse se dirigir ao altar comigo ou me abraçar na hora da morte de mamãe? Você seria a única pessoa que entenderia tanto quanto eu como dói à falta dela.

O livro foi minha mãe quem escreveu, era a letra dela traçada em linhas que revelavam sua impressionante história, foi o livro que considerei mais sublime depois da Bíblia, o único lugar que possuía a resposta de minhas indagações, que haviam sido esquecidas até então. Ela teve vergonha de me revelar que amou um homem casado, ela teve a humildade de me poupar, e sofrer sozinha uma vida inteira por alguém que já possuía família.

Porque você a abandonou?
Não é justo que dois corpos preenchidos de amor na alma tenham de viver separados pela simples lei que os humanos impõe.
Tenho pena que você tenha priorizado em sua vida a reputação e não a felicidade.

Mais saiba que a casa é a mesma, ela já não se faz presente, porém basta olhar para mim e sentir sua presença, pois que tenho os olhos negros iguais aos dela, e cheios de mistérios. Não era assim que você a descrevia?
Tenho um coração que aprendeu a amar de novo, e espera pelo abraço daquele que se chama pai.
Você é única pessoa que me falta dizer te amo.

A fachada da casa mudou de cor, porém o caminho não mudou de rumo, basta seus passos se apressarem, pois meu coração esta ansioso por conhecer esse homem que é um quarto de meu ser.
Espero pelo dia em que você virá, e quando você chegar vou pôr água esquentar e preparar seu chá preferido e colocar o bolo de queijo para assar.

Obs: esta carta foi enviada com o endereço que estava no livro, não se sabe se ela chegou ao destino, nem mesmo se o pai de Caroline ainda esta vivo, porém todas as tardes após Paulo fazer o fogo, ela coloca a água esquentar no fogão à lenha, enquanto isso Manuelle a ajuda preparar a massa do bolo de queijo, pois sua mãe revelava no livro que era o preferido de seu pai.



Autora:
Ellen Caroline Pereira

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Minha dor


Minhas lágrimas secaram, pudera eu encontrar mais algum liquido em meu corpo que me fizesse sangrar os olhos novamente...
Foram tantas as vezes que eu pensei ser fácil superar a mim mesma, foram tantos os dias que decidi mudar...
E hoje eu aqui trancada com minha própria tristeza, afogada em mágoas inúteis, detonada na saudade que só me traz boas lembranças, detonada nas lembranças que me fazem ter esse sentimento chamado saudade.
Eu fui tão cruel e fria comigo mesma, jamais me permiti ser eu de verdade...
Tantas foram as vezes que sorri e no final de cada gargalhada gostosa e escancarada que dava... sentia uma enorme vontade de derramar lágrimas....
Tantas foram as vezes que tentei me convencer de que os momentos voltam e com eles trazem a alegria que perdi naquele instante ...
Muitos foram os momentos que desejei para sempre, poucos são aqueles que esqueci... e realmente nada é certo, nada é errado, tudo é tudo e o nada pode ser simplesmente nada...
A minha pior batalha é lutar contra aquilo que esta dentro de mim, minha maior decepção é não saber ser.... Meu maior medo é de nunca vencer... minha maior fúria é ser inútil, meu grande erro é descobrir o que sinto e mesmo assim não saber o que desejo...
Vem e diz para mim...
Vem e me abraça...
Tenta por um instante sentir minha dor e me diga palavras que mude, que supere, que designe algo de bom...
Tenta por um instante ser eu..
E saiba que a dor é conseqüência de sua insegurança, que a magoa você deve de guardar das palavras e não de quem as disse... que o amor você deve de ter pela alma e não pelo corpo que depois envelhece... sendo eu descubra que não existe nada nem ninguém que irá substituir aquela pessoa que você ama, nada vai ser o amor que você deixou de ter, nada vai tapar o buraco na alma de quem não disse, de quem não é.... nada é capaz de tornar possível a utopia que se é pouco desejada... o nada é simplesmente o nada, porém pode virar simples conseqüência de seus atos e dessa forma você acaba se tornando um nada, um nada que não foi capaz de sorrir e experimentar aventuras, um nada que desconheceu o amor, aquele merda que não curtiu... que não construiu sonhos, que não foi capaz de pedir perdão... aquele nada, que nada viveu
Por isso prefiro viver na dor do que sou por ter feito, sido e tentado e além de todas as perdas continuar sendo, do que viver na dor de não ter feito, de não ter arriscado, para quando meu corpo virar carcaça eu descobrir que minha alma é vazia...
Vivo dessa forma na dor do que fui e não na dor do que podia ter sido.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Sábio Coração Incerto

As vezes eu gostaria de estar com a luz apagada e ter um abajur ao lado de meus escritos, onde eu pudesse ler sem que ninguém me incomodasse, nem minha própria mente que é tão ocupada com esses meus problemas tão normais.
Aquele dia em que sorri e descobri amigos de verdade, aquele momento em que chorei com a dor da saudade, aquela revolução da qual eu gostaria de ter feito parte!
Sorrir, é tão bom sorrir quando se tem algum motivo!
É tão magnífica a arte de poder ser feliz!
Sonhos estão implantados em meu plano, mais eu já nem sei mais o que é um plano!
Nem me dei conta do quanto sou capaz de amar, não percebi em momento algum o que me faz viver, quero argumentos, busco palavras, intensifico ideais, tento fugir dessa saudade, mais não consigo!
Corro para escapar desses importunos, mais sou tão fraca diante da dor, que qualquer sorriso se torna mais forte frente a minha pessoa!
Minha alma tão completa de tantos carinhos que por diversas vezes tentei fazer, porém, minhas mãos não permitiram...
E agora tento através de gramática declarar minha verdade que é tão frustradora quanto eu!
É tão sabia quanto meu ser, e tão incerta como a minha vida!!!
Indecisa igual minha cogitação e tão notória quanto minha insegurança.
Minha verdade é tão capaz a ponto de provar que ela existe, mais ela é tão cruel que mostra o inverso!
Quem de nós pode julgar um coração que ama?
Quem de nós pode julgar um coração que preza princípios de liberdade?
Qual ser humano pode condenar um coração que sente saudades?
Quem de nós acredita nos conceitos de um coração que simplesmente sonha?
Quem de nós pode julgar um coração que busca na simplicidade a alegria em estar vivo?
Queria intervir aqueles que condenam um coração simples que por diversas vezes sofreu paradas, quase sem volta, porém resistiu porque nesses momentos ele pode encontrar o mais perfeito dia, a flor mais perfumada, a melhor palavra, o sol mais quente a chuva mais molhada, o sorriso mais branco, o olhar mais sincero, a água mais cristalina, o morro mais verde, o aperto de mão mais forte, o abraço mais caloroso o beijo mais beijado, o carinho mais bendito!
Neste momento ele pode considerar bom qualquer abrigo, ele não reclamou de nada e esqueceu qualquer tipo de maldade, ele encontrou palavras em lábios mudos, movimentos em pernas paraplégicas, vitórias nos grandes perdedores, ele colocou luz naquele abajur que ainda não existia ao lado da cama, percebeu que é amado e assim reanimou as paradas que por diversas vezes o impediu de ver o quanto a vida nos prega peças, e que esses são pequenos testes, porque você é feliz, contudo você é tão apegado nas coisas do dia a dia e nos problemas, que não percebe o quanto pode aproveitado nas pequenas coisas da vida..

Autora:
Ellen Caroline Pereira

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Ignorante Mundo de Conformados

Não quero ser mais uma no meio de conformados!!!!!!!
A ousadia de repente dominou meu ser e acabo por entender que esse sentimento já esta em minhas digitais, é isso, sou sim uma inconformada, não faço mais parte desse mundinho hipócrita que aceita os maus feitos da corrupção, sei então que posso e sou muito mais que isso, por que você também pode mais você não percebe!!!!
Me obrigaram a descobrir que não devo de temer a aqueles que são iguais a mim, porque serei eu tão ignorante a tal ponto de deixar simplesmente que tudo aconteça?
Toda essa covardia por um instante pôde esconder o meu sorriso e por diversas vezes fez-me esconder insanas lagrimas, que tão pouco rolam sobre minha infidelidade para com essa porcaria de sociedade, que julga, mata e condena, pra essa droga de capitalismo que aos poucos mata ate mesmo os mais dignos seres humanos!
Não sou tanto quando podes deduzir, porem não sou menos que você!
Chega de esconder essa identidade, para de fingir que esta tudo bem, pare de tentar se convencer de que tudo pode ser perfeito, se você sabe que não, pois depende de você e se você esta aí parado... esquece!
Entenda, você não precisa de estatais, você precisa sobreviver...
Sabes tanto quanto eu que o ser humano que vive cercado de mentiras acaba se convencendo que tais mentiras são verdades tenebrosas!
Não se iluda na previsão de dias melhores, pois os dias melhores não existem, cada uma faz o seu dia e muitas pessoas podem não ter um dia melhor porque você é tão egoísta!

(Ellen Caroline Pereira)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Máquinas Humanas



Bem como sabemos, nosso país apresenta alto índice de desemprego, e ao mesmo tempo que isso é comprovado existem várias pessoas que trabalham longas jornadas. Com o intuito de melhoria, em 2001 as centrais sindicais brasileiras decidiram unificar uma campanha pela Redução da Jornada de Trabalho (RJT). O termo em pauta é: a diminuição da jornada de trabalho sem a redução de salário.
A redução da jornada gera empregos de qualidade, tendo em vista que a longa jornada induz a doenças, como: depressão, estresse, além de lesões causadas pelos movimentos repetitivos, porém o mais convincente de todos os argumentos é: a RJT gera mais empregos. Fica comprovado que com a redução de 44 horas para 40 horas semanais gera-se em torno 2.252.600 novos empregos, além do mais, o custo de salário no peso total de produção é baixo e a produtividade de trabalho no Brasil mais que dobrou nos anos 90. Assim apresenta-se uma redução geral de 9,09% que implicaria em um aumento de custo total de 1,99%.
Obtendo uma visão mais ampla do mesmo, a RJT geraria mais empregos, assim mais pessoas teriam condições de consumir, o que facilitaria no crescimento de vendas e assim um aumento de produção, com esse aumento de produção o número de desempregados automaticamente diminuiria. Ou seja, gera mais empregos, maior número de vendas, onde os empresários também saem obtendo lucro, e completando esse ciclo, um grande avanço na economia nacional.
Cita-se em um texto que:
“Os primeiros anos do século XXI mostraram um ganho de produtividade de 27%, ou seja, a produtividade continua crescendo sem que os trabalhadores e a sociedade como um todo tenham a retribuição a que seu trabalho faz jus.”
O custo com salários no Brasil é um dos mais baixos do mundo, a Coréia do Sul é um dos países que mais se aproxima do Brasil no valor da mão de obra, sendo que na Coréia do Sul esse valor permanece em 13,6 enquanto que no Brasil é de 4,1.
Nós que fazemos a produção, sem o proletariado as indústrias não funcionariam. Será que não esta na hora desses conceitos serem revistos, e mudar essa forma de distribuição de lucros que dificilmente vem para nós?
Existe a possibilidade de a RJT se realizar sem nenhum prejuízo, então por que não o fazer? Esta na hora de trabalharmos para nós e não simplesmente enriquecer a elite e a economia do país, sendo que da forma qual a situação se encontra, sabemos que não temos nenhum retorno desse capital.
“É constrangedor aceitar que somos vistos apenas como máquinas. É triste admitir que somos peças fundamentais, porém tão pouco valorizados.É decepcionante saber que sou uma máquina humana.”

(Ellen Caroline)

terça-feira, 1 de julho de 2008

O grito, ainda existe.

Quando meus pés já não sentem a firmeza da terra.... então já não sinto mais a força da vida!!!
Quando puxadas minhas mãos e eu não quero ir... virdes me buscar!
Da violenta realidade que me cobre!
Um sonho perdido, a mais breve e terrível sensação de tudo ser tão vago e frio.
O sentido? O que é o sentido?
Quando afogada em minha própria saliva, não mais poderei respirar, não mais poderei falar... então minha voz aos poucos já esta se perdendo!
Espero pelo grito que se perde na voz que já sumiu de um povo que já se foi e ao mesmo tempo é tão presente!
Quando eu simplesmente não agüentar mais a crueldade do sistema
Então serei eu tão fraca? Ou o sistema tão inconseqüente?
Quando escrava descobri que tanto quanto antes ainda sou uma escrava...
Quando morta e os meus pés já frios, não sentirei mais a firmeza deste chão.
Será que é tão difícil de entender? Tudo não passa de um jogo...
Jogo este que você esta no meio, e o que você esta fazendo para ganhar?
Deixa simplesmente para os mais ousados e corajosos? Porque sempre perdemos e somos a maioria? Eles, só eles ganham
Cadê você? Não quero mais ficar aqui sozinha, lutando sozinha.!
Não quero mais a impunidade, quero a justiça. Você sabe o que é justiça?
Quero a igualdade. Você é igual a mim, olhe a sua volta, porque nos tratam diferente?
A força! Cadê a força? Aquela força que te faz agüentar a inchada? Aquela que te permite conduzir pesadas maquinas? Aquela força que te faz sustentar? Que traz o teu pão...
Cadê a força da conquista? Aquela conquista que te fez acreditar que poderia ser melhor?
Aquela que te fez crer que o sistema jamais poderia te matar!!!!

(Ellen Caroline)

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ainda não sei...

Quem sou...?
...tão igual ao que todo mundo é, e tão diferente daquilo que eu gostaria de ser mas que porém nunca fui...
... uma perdida, um grão de areia arrastado por aquilo que é mais forte que eu...
... uma sem esforços para amar aquilo que lhe faz bem.
Uma amante a espera de um grande amor, uma ausente aguardando a própria presença não vista por si própria.
Hoje sou tão diferente do que serei ou do que fui, porque nada fui e nada serei diante do pouco que sou.
As vezes me flagro a pensar em um plano para meu futuro, e ao mesmo tempo me revolto por saber que sei que o futuro é o segundo que se passa agora e que acabou de se tornar passado, e tento lutar contra o tempo para tentar reverter esta situação que me oprime, me faz sentir que cada minuto é o último que poderei suspirar, que poderei chorar, que poderei amar e descobrir lá no meu eu quem sou eu, então não tenho meu eu e acabo por descobrir que eu não sou nada...
...além de uma criatura que é capaz de sofrer por aquilo que um dia amou e no futuro tão próximo continua amando tudo que nesse instante ama.
E acabo por descobrir que felizmente não consigo distinguir o sonho da realidade, alegro-me por saber desta postura que tomo diante de minha vida, de fazer tão real aquilo que é tão distante, ou de fazer tão distante aquilo que é tão real.
E descubro que eu não sou nada além de uma sonhadora que usa os contos de fada como consolo para aquilo que nunca vou viver.
... e entendo que não sou nada sem aqueles que amo...
... e que sinto saudades daquilo que ainda não vivi, mas que porém me faz muita falta...
... e que amo até mesmo o que não quero amar por necessidade de estar sempre amando, e que ainda vivo presa a todos os momentos do passado que me fizeram bem e que por pura crueldade do destino não consigo esquecer... e acabo me decepcionando quando lembro que nem sequer um minuto feliz volta .
E acabo descobrindo que não sei quem sou, mas sei o que sonho, o que quero e o que amo, e sei daquilo que não posso viver sem.

Autora:
(Ellen Caroline Pereira)

Era pra ser Julietas..

"terei eu de subjulgar todos esses medos que despertam escarnio para que meu leito de medos nao se transforme em leito de lagrimas de sangue...
ignóbeis, avarentos medos, jamais vão conseguir nivelar-se ao lado de meu amor, pois que meu amor é corpulento e tudo faz para que meu corpo se torne cálido como o triunfo do meu amor e do amor de meu amado!!!!"

(Ellen Caroline Pereira)

domingo, 15 de junho de 2008

Sonho...

Naquela noite estávamos em silêncio na sala de aula, era uma sexta –feira, a última aula, todos já estavam cansados.
Ouvíamos um de nossos amigos tocar algumas músicas no violão e cantar em uma voz muito baixa que só os mais próximos podiam ouvir.
Exausta debrucei-me sobre a carteira e ouvindo com atenção cada nota tocada e letra pronunciada, adormeci. E por um bom tempo de descanso meus pensamentos acompanharam a linda canção me introduzindo em um breve sonho bom.
Acordei assustada quando o sinal tocou, e uma triste decepção tomou conta de mim, era por saber que nas melhores partes de nossos sonhos alguém nos acorda para a realidade.
Porém aquelas palavras que me fizeram sonhar não saíam de minha mente, em uma das estrofes que dizia:
...”o que eu queria era provar para todo mundo que eu não precisava provar nada para ninguém”...
Porém o que me deixava com mais êxito nessas letras era quando ele cantava:
...”as vezes o que vejo quase ninguém vê”...
Eu sabia que essa frase era veridica, pois era o que eu sentia, ouvindo pela primeira vez aquela música, descobri que alguém pensava o mesmo que eu.
Dentro do ônibus não conversei com ninguém, pois por incrível que pareça aquela angústia e aquele silêncio comigo mesma, estavam me tornando mais sábia, estava fazendo eu me descobrir.
Chego em casa e vejo o que eu nunca quis enxergar ter se agravado de uma forma muito cruel e fria; meu pai no chão, com o rosto inchado da última dose que bebeu.
Acordei para aquilo que estava diante de mim, e mesmo quase morta por dentro, me lembrei de uma música que diz assim:
...”nos perderemos entre monstros da nossa própria criação...
...ficaremos acordados imaginando alguma solução, para que esse nosso egoísmo não destrua nosso coração”...
Aquelas palavras eram tão iguais ao que eu estava vivendo, porém a solução não existia mais, já estava morto pelo egoísmo de ter bebido esses anos todos desenfreadamente, sem lembrar de que sua filha única já não tinha mais mãe.
A triste realidade me disse:
-Você está sozinha!
E concordando com mais uma música percebi que realmente...
...”sou uma gota d’agua, sou um grão de areia”...
O que sou eu nesse mundo de só alguns? Quem sou nesse mundo de tantos e poucos?
Eu só queria que alguém me explicasse a grande fúria do mundo.
Porque a música diz que se colocássemos um espelho em nossa frente veríamos um mundo doente.
Eu só gostaria de saber da fúria do mundo para entender a fúria dos homens que matam até mesmo o que mais amam, a própria vida.
Uma voz me chama e meio delirando pensei que fosse minha consciência dizendo pra eu me matar, já que o corpo não padece e alma está morta a muito tempo.
Porém era minha amiga que disse:
- Arrume seu material, a aula está acabando!


Agora confesso que as vezes é bom quando alguém interrompe nossos sonhos, quando os mesmos estão se tornando pesadelo.
Isso tudo me trouxe uma lição que essa música retrata bem:
...”é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar na verdade não há”...
O futuro é incerto demais, e nunca devemos deixar para amanhã o que se pode fazer hoje, o futuro é o segundo que se passou agora e acabou de se tornar passado.
Sempre devemos sonhar com os pés no chão e o coração no céu, acreditando naquilo que parece impossível, sabendo que só a força de nossos sonhos podem mudar essa impossibilidade, que muitas vezes nos torna frágeis.
E muitas vezes não nos damos conta de que para um dia virarmos “mar”, teremos que nos unir a muitas “gotas”, o que não é impossível, porque quem sonha guarda consigo a capacidade de ser diferente, pois quem sonha acredita, quem acredita luta e quem luta pode não vencer, mas trás experiência da perda para a próxima batalha.

Cheguei em casa e meu pai estava sentado lendo jornal, então eu disse:
-Pai, eu te amo!

Autora:
(Ellen Caroline Pereira)

DESEJO DESEJAR

Eu gostaria de ter de volta aquela criança
Eu queria rever aquela menina que vivia sonhando e acreditando em seus sonhos
Simplesmente gostaria de ter a força daquela que mesmo diante dos problemas, vivia
sorrindo... eu queria ser eu de volta... eu queria ser eu de volta para amar mais... queria que me devolvessem a utopia... para acreditar mais...
Mas vejo que me tornei uma amiga ignorante, tornei-me uma pessoa sem objetivos...
Fui magoada, ferida por dentro, cheguei ao ponto extremo que podia chegar,sinto saudades dos momentos felizes, sinto falta das pessoas que me fizeram feliz, quero de volta o amor daqueles que amo, eu me desespero quando lembro que os sentimentos não são recíprocos, desejo aquele que me fazia sorrir e hoje me faz chorar...
Eu quero mais que isso, eu quero alegria e força para esquecer minhas saudades... eu quero como qualquer outro ser humano ser valorizada, não quero ser simplesmente mais uma... eu desejo uma vida diferente... eu sonho em:
Correr em um campo de flores;
Ver o pôr do sol;
Abraçar e beijar sem medo de ser surpreendida;
Eu quero gritar;
Eu quero fazer o que sinto sem medo de achar que é errado;
Eu quero cair e sorrir de mim mesma, sem sentir vergonha;
Eu quero sim fazer coisas que sejam estranhas, mas que ninguém olhe, ninguém fale...
Quero ser eu de volta. Quero ser o que sou sem receios...
Eu quero simplesmente amar sem medo, confiar nas pessoas certas, falar coisas bonitas, fazer o bem às pessoas, não quero magoar nem desprezar ninguém!!!

Nada mais sou do que um ser humano que tem fraquezas, por isso choro, ainda não aprendi tudo porque a cada dia aprendo mais e erro mais também...
Todos os dias passam e dias como esse não quero lembrar...
Desejo na verdade nada mais do que ter o que desejar, ter do que lembrar, ter quem amar, ter quem me ame, quem me entenda, ter alegria, ser compreendida, mais além de tudo desejo desejar:
um dia de chuva, com o sol e depois um arco- íris de seis cores, porque quero um arco- íris diferente;
um inverno ensolarado, porque gosto da luz do sol;
um verão com muita neve porque gosto da cor da neve;
desejo desejar nada mais que a felicidade;
o brilho nos olhos daqueles que não enxergam;
o sorriso nos lábios daqueles que ainda não cresceram;
a vida bem vivida para aqueles que ainda não aprenderam a amar, perdoar, sorrir,
para aqueles que ainda não aprenderam a sonhar.
DESEJO ACIMA DE TUDO TER O QUE DESEJAR!!!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O que é?

...o futuro é o segundo que se passa agora e acabou de se tornar passado, sendo assim ele é incerto demais para afirmarmos o que sera daqui a uma hora!
o ideal para meu futuro é continuar sendo o que sou e cada oportunidade ter a esperança de que sera o caminho para aquilo que não posso prever!!
por estes motivos quero no meu futuro nada que seja inferior ao que tenho e sou hoje!

Ellen Caroline