sábado, 21 de novembro de 2015

Vontade de fazer poema e versos de passos cantados
Vontade de fazer enigmas de segundos no quarto
 E render-se aos encontros inusitados.
 Levar as mãos ao alto pra cair o vestido
Despir-se sem pudor em meio aos corpos envolvidos
Calar a boca com beijos roubados e devolvidos
 Num trânsito dialético de toques nada retraídos
Num breve gemido, selados e herméticos
Rimos dos corpos confundidos e dos desejos contemplados 
depois de tantos (des)encontros subsumidos
Submetidos às nuances dos nudismos nas faces rubras
Cubra sua vergonha de vontade e volte a vir comigo
 Apago meus rastros e vou,

É arriscado demais não sair à dançar poemas nus contigo.

(Ellen Caroline e Thálion Mibielli) 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

(des)entendo

Me perco em teu pescoço
Desbravo teu corpo
E de um jeito um tanto ingênuo me 
atrapalho em teu sorriso

Instintivamente te observo
Aguardo teu grito
Transcendo em tuas mãos
Minha maliciosa boca te descobre

Espontaneamente abuso 
do teu compasso
Abraço teus sonhos
Reivindico tua poesia
Me entrego aos nossos desejos

Escuto tua voz
Acalmo meus anseios
Tu vai, eu fico
Desentendidos fingimos
 não importar tudo isso

Mais um dia amanhece
Me estiro em teus braços
Procuro algum pedaço 
da noite que passou
Pra dizer que hoje acordei 
com vontade de você. 

(Ellen Caroline)










sábado, 7 de novembro de 2015

Ajeit-ando

Gosto do desfecho
Da perda do eixo
Ludibriar sentimentos
Perder de vista o discernimento
Me sinto (des)cabida
numa sociedade medida
(limitada circunscrição)
Dou empurrões
Busco sucessões:
de toques
de (a)braços
de (entre)laços
Dá-se um jeito
Dá-se amor
Dá-se um beijo
Um mundo é pouco
para os
"eus" sem baluarte!
A dialética do "render-se"
A soma dos somos
Sem receios do
poder a vir a ser.
Sem medo de sentir!
Da entrega dissimulada
Dos jogos (des)feitos
Da não paciência pra
determinados efeitos.
(Sobre)viver às trocas
transpassadas
(Co)habitar o encontro
com o alvoroço
Sentir-se forte com
últimos e próximos
sorrisos capitulados
Dar-se ao outro (!):
e
sem restrições demasiadas
sem presença disfarçada
sem mistificações do corpo
sem dúvidas do pouco
Desacorçoadas pernas
Antes da in-compreensão
da afeição
e o marco da contradição.
Ellen Caroline

Divo

Entre uma dose e outra:
A tua imagem
Sentia a dança
A lembrança do chão
Do vão!
Do não-são das noites com teu brilho!

Um vácuo
O desespero
Menos pessoas na roda
Cadê tu e os novos nomes?

O acordar do próximo dia
O compartilhar dos amores, das dores,
das aventuras! 

O cessar do choro salgado que fica 
quase amargo e parece que não sai.


Algumas coisas jamais farão o mesmo sentido.
Os dias seguem sem a presença da cor que davas pro mundo
Mas com as marcas de tudo que fostes capaz de colorir.

Ellen Caroline

A não-despedida

Chega pra lá e deixa disso, 
Vem me contar mais uma história.
Senta aqui comigo,
Ajuda a bagunçar meu quarto.

Vamos escolher a roupa dessa noite?
Pode ser de touca,
Sapatos amarelos,
Porque o resto tá sem cor
E é cor que combina contigo.

Deixa dessa história de cortar o cabelo,
Esses cachos caem bem pra você
Fica no estilo
Ainda mais divo,
O nosso "sarara criolo"

Prometo:
Não colocar mais Mart'nalia
Levantar pra te fazer o café na cafeteira italiana
(falhei dessa vez)
Parar de te apressar pra sair de casa.

Te esperaria chegar daqui uns dias
Saberia por onde andas
Sorriria de novo contigo

Sinto tu tão vivo em cada canto que estou
Viva os risos que trouxesse pra minha vida.
Te carrego no coração,
Não vou me despedir de você,
Tu é intenso demais pra isso.
Emoticon heart Arnaldo Emoticon heart

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Lambuzar de vermelho


Essa relação da subjetividade,
E a maldade da individualidade (.)
Lambuzada a boca de desejos e prazer(ex),
De fazeres e dizeres (.)

Tampadas as pernas pelo tom vermelho,
E quanta(s) gente com as pernas destampadas?
Perdeu-se na intelectualidade a verdade sedimentada,
Ou a sede inventada, da intelectualidade formada?
Mais uma vez se lambuza no abuso do não feito,
Ou será o pensamento vacilante um efeito?
A besteira do entreter das palavras que nada parecem dizer,
Mais confortável entreter do que, de fato, dizer.
Registros:
De gentes que hoje latejam a parede do estômago (não têm o que comer)
De gentes que veem gentes morrer (nos morros, por negro ser)
Das gentes meninas, raparigas, sapecas (mulher é um “pecado” gemer)
Das gentes que trabalham (as máquinas engolem, como socorrer?)
Das gentes que choram (o riso foi tragado não se sabe pra onde correr).
Lambuzar-se, uma vez mais!
Lambuzar-se da vontade para além da subjetividade
Lambuzar-se, não por vaidade,
Lambuzar-se de vermelho
(pra transformar a realidade).

(Ellen Caroline)

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Boemia de sentimentos!


Com o coração meio frouxo
Se entrega pros sorrisos que chegam soltos.

Sem desconfiança
Arroja pra uma esperança.

Nunca retornam esses desejos,
Mas guarda na lembrança aqueles beijos.

Pra que mais que a entrega em braços enrolados?
Quando precisamos mesmo é de um corpo extasiado,
de uma troca abundante – mesmo que por instantes,
e por fim, do sono serenado.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Trabalhadora

Trabalhadora é assim,

Passa desapercebida
[...] Nas ruas [...]
Carrega nas várias sacolas
As dores de uma vida

Em uma delas a nostalgia dos abandonos
Noutra, as lembranças da infância sofrida
A mais pesada, a do machismo que a persegue
em todas as esquinas
No carrinho de mão a exploração,
juntado a toda a opressão

Trabalhadora é assim,

Com as sacolas cheias continua a caminhar
Passos firmes,
Olhos erguidos
Braços falidos
Abraços ainda aquecidos

Trabalhadora é assim,

Com as sacolas cheias continua a caminhar
Dentre elas algum sonho perdido,
Ao chegar em casa fica no fundo a procurar
Talvez de algum filho se formar
Ver o neto aniversariar
no fevereiro que vai brotar

Trabalhadora é assim,

Escuta as mesmas palavras de ordem
Trabalhe!! Trabalhe!
Mas não apenas na fábrica
Em casa, ao chegar, mais uma vez:
Trabalhe, trabalhe!
O Filho chora, o neto chame, o marido abusa

Trabalhadora é assim,

Ah, as trabalhadoras
A trabalhadora mulher mãe,
A minha mãe mulher trabalhadora.

Trabalhadora é assim,

Não luto pelo fim do machismo só na minha vida,
Luto pelo fim do machismo na vida de todas as trabalhadoras, mulheres, mães.

Não luto pelo fim da sociedade de classe pelo simples fim da minha exploração,
Luto pelo fim da sociedade de classe por toda classe, com toda classe, sendo classe.

Luto pelo fim dessa mão dupla de opressão e exploração,
Luto para que as trabalhadoras carreguem em suas sacolas
muitos sonhos
Luto sim, por uma sociedade sem exploração.

Dedico a ti minha mãe, e todas as Joceli(s), representando todas as trabalhadoras e trabalhadores do mundo que ão de se unir para essa sociedade mudar!

(Ellen Caroline)

terça-feira, 21 de julho de 2015

24 em Sanca

Desses 24 que completei no meio do debate
Ouvia palavras de ordem, as pessoas iam pro embate
Contra os corte, queremos condições de trabalho
Era o que dizíamos nós!
Faixas, cartas, revolta!
Estamos ou não indignados?!
A voz da bonita gente ecoava: chega desse descaso!

Assim se completa mais um ano,
A pergunta: o que eu fiz até os 24?
No meio do caos que está colocado?
Nesse vai e vem de emoções,
sentia o amor de São Carlos!

Confusa demasiada, só podia entender:
Esses cortes temos que reverter.
Assim completei mais um ano:
Indignada com o mundo
Compartilhando os sonhos
Com esperança
Cheia de bonita gente: as de longe e as de perto
Com o coração transbordando,
perdendo uns pedaços no meio dos percalços,
Mirando a luta em todos os passos.  

(Ellen Caroline).

sábado, 20 de junho de 2015

Canto meu!

Gosto de olhar pro lado,
Me impressionar com Che e Frida Kahlo
E com a vaidade dos poemas esparramados,
Com traços decifrados,
Que falam de viver nesse quarto.

Me agrada olhar a pilha ao lado
Tem um tanto do que quero aprender
E depois de confusa demasiada
Me deixa Neruda pra ajudar a entender.

Sinto prazer em olhar pra frente
Miro flores que lembram romances
Vejo o verde e sinto o sol
A lua e nenhum farol.

À esquerda: tudo que amassei e depois você.
O espelho que saca meu sorriso
Meu olhar sacana
E um gesto convencido.


Atrás?!
A cama bagunçada,
A vejo e a lembrança
das vezes que o corpo entra em chamas.
Deixo o cobertor
estirado, pra recordar do meu jeito depois da transa.

(Ellen Caroline)

Muito prazer, dois poetas

Lençóis do avesso
Se reviram como a noite
Suspiros notados,
Olhos apagados
Cair no sono acordado.
E delirar enquanto os braços,
Clamam por força e cuidado.

Fazer de desentendida
E te sacanear de desejo
Até o próximo beijo,
Ou deixar de ser comedida,
Já que tenho a faca e o queijo.

Tá bem.
De um jeito
Disfarçado e com suspiros
equivocados,
Te jogo pro lado só pra sentir
O toque dos teus passos.
Abraço teu sonho e traço
Como minha meta.
Sabe como é, fazer amor com
poeta...


(Ellen Caroline e Thálion Mibielli)

domingo, 24 de maio de 2015

Mujer!!

Sua luta é também a minha!
Me pego cotidianamente na tua força para seguir
Me sinto leve como o vento no teu abraço
Forte como uma torrente do teu lado


Toda a coragem que tenho foi com você que construí
Os limites que superei contigo aprendi
Mais que mãe, és a
minha mulher guerreira. 

Se hoje os meus sonhos são coletivos
É porque na humildade do teu eu me permitiu olhar pro lado e perceber o outro.
Se hoje amo intensamente, é porque me proporcionasse essa intensidade
Se vivo a flor da pele é porque me destes a sensibilidade.
Se acredito em revolução é porque me mostrasse a falta de sanidade nessa sociedade!

Tu, toda poesia!
A revolucionária cotidiana.
O orgulho dos meus dias!

(Ellen Caroline)

terça-feira, 19 de maio de 2015

Um poema pra ti


Tu
Leve e intenso
Desperta o que há de mais sensível em mim
Provoca um turbilhão de emoções
Único capaz de abrandar!

Sempre que se vai carrega um pouco do que sou
Sempre que chega me deixa um tanto de si!
Estranho esse jeito de sentir por ti.

Sobrancelhas erguidas para me proteger do que gostaria de te dizer
Sentimentos dispersos para não notares que senti

Sempre sei que hora ou outra tu te vai
Mas nunca se chegarás.

O que sinto por ti é tão solto quanto esses versos
Tão forte quanto teu olhar
Livre igual meus sonhos
Tão bonito quanto teu sorriso
Sincero quanto nossas noites!

Espontâneo quanto meu e teu eu!

(Ellen Caroline)

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Gosto dos poemas


Gosto dos que leio
Dos que me causam
Que me decifram
Me entendem!

Gosto de pessoas
Pessoas que são poemas
Que fazem poemas
sentem poesias!

Gosto de momentos
Momentos que me fazem ser poemas
Que me causam o surto poético.
Que me permitem escrever poesia!

Poemas expressam os ápices do sentir
Bons ou ruins dias - sempre poemas
Pessoas que me oferecem alegria ou nostalgia
Sempre poesias!

(Ellen)

Sem querer

Eu agarro um respiro pelos ares

Sufoco até ele sonorizar pelo corpo

No intento de voltar perco-me em sonhos

Os olhos atravessam o não permitido

A bagunça se organiza

A noite jamais termina

A saudade nunca começa

Na procura de viver

A alegação do não-querer

(Ellen Caroline)

domingo, 19 de abril de 2015

Sensibilidade

Se perderes de vista a causa que te faz cotidianamente caminhar
Se te perceberes apático às coisas do mundo
E se te defrontares com a falta da lágrima ou do sorriso
Perceba: algo aconteceu contigo!

Se te deparares conformado com a injustiça
Se te sentires confortável com a desigualdade
E se te reconheceres do outro lado
Perceba: algo fizeram contigo!

Se apenas a individualidade te causa ânimo
Se não consegues se reconhecer no outro
E se algum dia estivesses deste lado
Resgate tua sensibilidade.

o não-poema


Pela ousadia de não mais deixar-me te decifrar no papel
Por abandonar minha nostalgia e sair perdido em versos que não resgato
Pego o apanhador de sonhos para ver se te recupero
Mas não queres!
Assim tu te vai
Segue mesmo sem ter nascido
Desenha na frustração de uma noite chuvosa
Te recrias, quem sabe até te encontras
Eu tampouco sei, pois não pude te conceber
Segues perambulando, te perdes entre uma letra e outra
Uma sintonia te bastaria
Mas já não posso te oferecer
Assim se vai o meu poema, que não criei
Mas o que são os poemas senão a ousadia de ser?!

(Ellen)

domingo, 1 de março de 2015

Noite vazia [de número três]

são quase sempre tão iguais,
arrancam as energias
potencializam as angustias
estremecem o sorriso
abalam os sonhos
surtam o coração

Contradição
Reflexionam as fraquezas
Resgatam a história
Buscam racionalidade
Abarcam a sensibilidade
Constroem outras possibilidades.

Intermináveis
Nostálgicas
Reduzidas
Bonitas

Noites Vazias de Noites
Vazias de noites
Noites de
Noite vazia

A dialética já dizia!.

(Ellen C.)



segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Aos camaradas, companheiros de luta!

Encontro de mim um tanto só:
A nitidez do in-nítido
A lucidez do in-lucido
A loucura da sanidade
Talvez a insanidade da idade!

Um pouco do que ficou pela travessa
Muito do que deixei lá no que chamam de 20 
Um resto do que perdi da semana passada
Uma estufada de peito do riso que se foi 
na próxima noite.

Perco de mim um tanto junto:
O medo das armas que apontam 
A tristeza pelos não convictos
A angústia pelo não sabido
A destreza do não-grito!

A ansiedade pelo não visto
A imaturidade pelo não pensado
A saudade pelo não vivido.

Para perceber que só, eu encontro um eu menos preenchido
Para a alegria de junto, encontrar um eu coletivo que se confunde dialeticamente
com esse projeto tão bonito!