domingo, 15 de junho de 2008

Sonho...

Naquela noite estávamos em silêncio na sala de aula, era uma sexta –feira, a última aula, todos já estavam cansados.
Ouvíamos um de nossos amigos tocar algumas músicas no violão e cantar em uma voz muito baixa que só os mais próximos podiam ouvir.
Exausta debrucei-me sobre a carteira e ouvindo com atenção cada nota tocada e letra pronunciada, adormeci. E por um bom tempo de descanso meus pensamentos acompanharam a linda canção me introduzindo em um breve sonho bom.
Acordei assustada quando o sinal tocou, e uma triste decepção tomou conta de mim, era por saber que nas melhores partes de nossos sonhos alguém nos acorda para a realidade.
Porém aquelas palavras que me fizeram sonhar não saíam de minha mente, em uma das estrofes que dizia:
...”o que eu queria era provar para todo mundo que eu não precisava provar nada para ninguém”...
Porém o que me deixava com mais êxito nessas letras era quando ele cantava:
...”as vezes o que vejo quase ninguém vê”...
Eu sabia que essa frase era veridica, pois era o que eu sentia, ouvindo pela primeira vez aquela música, descobri que alguém pensava o mesmo que eu.
Dentro do ônibus não conversei com ninguém, pois por incrível que pareça aquela angústia e aquele silêncio comigo mesma, estavam me tornando mais sábia, estava fazendo eu me descobrir.
Chego em casa e vejo o que eu nunca quis enxergar ter se agravado de uma forma muito cruel e fria; meu pai no chão, com o rosto inchado da última dose que bebeu.
Acordei para aquilo que estava diante de mim, e mesmo quase morta por dentro, me lembrei de uma música que diz assim:
...”nos perderemos entre monstros da nossa própria criação...
...ficaremos acordados imaginando alguma solução, para que esse nosso egoísmo não destrua nosso coração”...
Aquelas palavras eram tão iguais ao que eu estava vivendo, porém a solução não existia mais, já estava morto pelo egoísmo de ter bebido esses anos todos desenfreadamente, sem lembrar de que sua filha única já não tinha mais mãe.
A triste realidade me disse:
-Você está sozinha!
E concordando com mais uma música percebi que realmente...
...”sou uma gota d’agua, sou um grão de areia”...
O que sou eu nesse mundo de só alguns? Quem sou nesse mundo de tantos e poucos?
Eu só queria que alguém me explicasse a grande fúria do mundo.
Porque a música diz que se colocássemos um espelho em nossa frente veríamos um mundo doente.
Eu só gostaria de saber da fúria do mundo para entender a fúria dos homens que matam até mesmo o que mais amam, a própria vida.
Uma voz me chama e meio delirando pensei que fosse minha consciência dizendo pra eu me matar, já que o corpo não padece e alma está morta a muito tempo.
Porém era minha amiga que disse:
- Arrume seu material, a aula está acabando!


Agora confesso que as vezes é bom quando alguém interrompe nossos sonhos, quando os mesmos estão se tornando pesadelo.
Isso tudo me trouxe uma lição que essa música retrata bem:
...”é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar na verdade não há”...
O futuro é incerto demais, e nunca devemos deixar para amanhã o que se pode fazer hoje, o futuro é o segundo que se passou agora e acabou de se tornar passado.
Sempre devemos sonhar com os pés no chão e o coração no céu, acreditando naquilo que parece impossível, sabendo que só a força de nossos sonhos podem mudar essa impossibilidade, que muitas vezes nos torna frágeis.
E muitas vezes não nos damos conta de que para um dia virarmos “mar”, teremos que nos unir a muitas “gotas”, o que não é impossível, porque quem sonha guarda consigo a capacidade de ser diferente, pois quem sonha acredita, quem acredita luta e quem luta pode não vencer, mas trás experiência da perda para a próxima batalha.

Cheguei em casa e meu pai estava sentado lendo jornal, então eu disse:
-Pai, eu te amo!

Autora:
(Ellen Caroline Pereira)

4 comentários:

Anônimo disse...

Como é suave a angústia de um sonho embalado por música. Mas talvez não seja angústia, pois pouco tem o sonho de certeza do que está acontecendo. Há uma antiga anedota que conta - e já deves tê-la ouvido: um mendigo dormia doze horas e nas outras doze estava sempre acordado. Durante todo o tempo em que estava dormindo, sonhava ser rei, e tinha aí, no entanto, a certeza de ser rei, e que sonhava ser mendigo.
Tem relação também com aquela música do sábio chinês do Raul..., mas, bem estou viajando muito. Devo parar agora com analogias... E digo que é forte e muito bom o contraste do pai "aquilo", choca deveras...
Gostei demais desse texto, é singelo e duro nos pontos certos. Só acho que houve uma overdose de Legião, mas isso é de outra ordem...

Beijos!

Rodrigo PJoteiro disse...

eu tenhhu um texto texte feito a mao, pela autora nhe ...
vou guarda a 7 chaves pois o dia que ela virar um icone do pensamento poetico do brasil vou dizer eu conheco ela

lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
bjussssssssss

Unknown disse...

Olá Ellen

Obrigado pelo elogio, depois de ver os teus textos percebo que os meus não são mais que um grão de areia! hehehehehe

Pjoteiro sim! de Joaçaba e do mundo!!!

grande abraço. Visite sempre que quiser o blog.

Rodrigo PJoteiro disse...

oh espero mais textos estou ancioso por isso viu hehee
bjus lindaaaaaaaaaaa