"Educar
para chegar a Civilização do amor"
“Ou os estudantes se identificam com o
destino de seu povo, sofrendo com ele a mesma luta, ou se dissociam de seu povo
e, nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo."
(Florestan Fernandes)
O tema escolhido para a Paródia do Festival da Canção – FECAN tem como
base a Semana do Estudante de 2012. A partir desta atividade permanente da PJ
Nacional, delimitamos o assunto que ficou definido como "Educar para chegar a Civilização do amor". Assim sendo,
este texto tem por objetivo, subsidiar os grupos de jovens na construção da Categoria
Paródia, apontando possíveis debates que podem “aparecer” na construção das
letras.
Quando falamos em educação, nosso
debate pode tomar diversos rumos. Um deles é pensar em como se dá a prática do
educar. Existe uma relação hierárquica entre professor e aluno, na qual o
estudante, por vezes, é simples objeto de obtenção de conhecimento. Contudo, se
partirmos da perspectiva de Paulo Freire, ensinar não é a transferência de
conhecimento, e sim a troca de conhecimentos, onde professor e aluno ensinam e
aprendem ao mesmo tempo. Neste sentido, é primordial esse debate, pois à medida
que os estudantes ensinam e aprendem eles também criam, e ao criar, se formam
enquanto cidadãos críticos. A verdade é que a educação ainda serve como instrumento
do Estado, na ideia de reproduzir cidadãos que se enquadrem num padrão, e não
de que os estudantes tenham uma postura crítica, questionando a realidade.
Além das dificuldades enfrentadas no
caráter pedagógico, outros fatores impedem uma educação de qualidade,
relacionados às diversas precariedades, como: falta de profissionais
qualificados; baixos salários aos professores; infraestrutura inadequada (muitas
vezes essas não comportam o número de alunos, ou mesmo, não são adaptadas às pessoas
com necessidades especiais); falta de 2º professor em turmas que têm alunos com
necessidades especiais, entre outros.
Além desses aspectos, outro fator
intrigante é o modo como se dão as relações sociais nos ambientes escolares. Nestes
espaços as desigualdades sociais estão presentes e se refletem nos modos de
socialização entre os próprios alunos. Muitos são excluídos dos grupos de
amizade por fatores econômicos, de ordem étnica ou cultural. Para tal fator não
existe “responsável”, pois este é um problema de ordem estrutural – ou seja,
resultante da forma qual a sociedade se organiza - no entanto, a partir do
momento que se trabalharem essas problemáticas dentro dos próprios ambientes
escolares, certamente pode haver uma mudança nas relações.
Ao falarmos em educação, não podemos
deixar de lado a dificuldade de acesso ao ensino superior, mediante as poucas
universidades públicas e consequentemente ao número limitado de vagas,
inviabilizando a “entrada” da população de baixa renda - considerando também de
forma crítica - os critérios para o
processo de escolha, que limitam o saber a meras “provas”, desconsiderando todo
o contexto que o indivíduo vive, bem como, a base “capenga” que temos nos
ensinos fundamental e médio.
Talvez, um dos grandes nortes seja
reivindicarmos uma educação pública de qualidade, que proporcione aos
estudantes a possibilidade de criar e reinventar, de serem protagonistas do
espaço de ensino, que ofereça a estes além do que está disposto na grade
curricular. Não podemos mais admitir uma educação que prepare apenas para o
mundo “profissional”, temos que ousar por uma educação que instigue a constante
descoberta do saber, que vai muito além do saber profissional, abrange a
cultura, o debate, os espaços de trocas de ideias...
Por
fim, questionamos qual educação queremos? É esse modelo educacional que
contribuirá para que alcancemos a Civilização do Amor? É necessário indagarmos
sempre, e ter plena consciência de que uma educação despida das situações
apresentadas pode ser o caminho para alcançarmos um mundo mais humano. É na
opção pelos pobres que traçamos nossa caminhada de Pastoral da Juventude, e ao
indagarmos a estrutura vigente, pensando possíveis mudanças, nos tornamos
protagonistas para construção de uma nova realidade. Educar para a Civilização do Amor, é um dos meios mais humildes de
se alcançar essa utopia que alimenta nossa caminhada, no entanto, só será
possível a partir do momento que enquanto estudantes, ou “pejoteiros” unirmos
forças para alterar as condições impostas pelo sistema que vivemos, tão
presente na vida da nossa juventude, que quer, sonha e luta por dias melhores,
pois que, seguimos o Cristo que questiona, e não fica indiferente frente às
injustiças sociais.
Pastoral da Juventude da Diocese de Blumenau
Escrito por: Ellen
Caroline Pereira
Blumenau, junho de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário