Falemos
desses episódios que não podem ser (des)ditos
Sejamos
petulantes com o (não)tempo
Alcancemos
o presumido gozo (im)permitido
Sujemos nossas bocas em
defesa de Peppino
Quanto mais nos
emporcalhemos, mais vigorosos seremos.
Catemos um entusiasmo
Desaforemos um sexo anônimo
Toleremos ser
anulados,
E após dissolvido
choro, grito, agonia
Sejamos insolentes, com
a tal da (in)justiça.
Penetremos (des)providos
de coragem
Simulemos nossa
alegria
Somos (m)atados todos
os dias
Mas sorrimos.
Adestrados para essa
(des)ordem
Todo verso [in-verso]
Que cause comoção,
Quando a ideia é a
pendencia do que não [tem]pão
Estamos bem então.
Não era para rimar, porque
nem só de rima vive quem tenta fazer poemia
Diferente do cantor,
que dá melodia pra ouvir quem é doutor
Pros outros, como
nós, fica a questão:
o que seria de Chico
se o povo tivesse o [tem]pão?
Certamente Chico (de
Buarque) cantaria outros temas,
Peppino (de
Impastato) musicalizaria dezenas, e eu poematizaria mais o amor.
(Ellen Caroline)
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